9 Cenas Perturbadoras Que Seus Criadores Preferiam Não Ter Filmado

Algumas cenas do cinema são tão perturbadoras que até os próprios diretores se arrependem de tê-las criado. Neste artigo, relembramos 9 momentos extremos que marcaram filmes consagrados — e deixaram seus criadores com peso na consciência.

Nem toda cena polêmica nasce com orgulho. Às vezes, na tentativa de chocar, o cinema ultrapassa certos limites – e até seus próprios criadores percebem isso. Algumas dessas cenas entraram para a história como exemplos de quando a arte perturba demais, mesmo para quem a fez.

Diretores renomados já confessaram arrependimento por escolhas que, hoje, pesam em sua trajetória. Seja pela reação do público, pela ética envolvida ou pelo impacto emocional, essas cenas são lembradas não apenas pelo impacto visual, mas também pelos dilemas morais que carregam.

Confira 9 momentos do cinema que seus próprios cineastas gostariam de apagar da memória (ou pelo menos do roteiro).

1. O pesadelo simbólico de Mãe! (2017)

Cena intensa do filme Mãe! (2017), com a personagem Mãe, interpretada por Jennifer Lawrence, ensanguentada e em desespero, simbolizando o colapso emocional e físico em meio ao caos crescente na alegoria perturbadora dirigida por Darren Aronofsky.
Mãe! (2017) – Jennifer Lawrence

Darren Aronofsky não é estranho a polêmicas, mas com Mãe! ele ultrapassou qualquer expectativa. O filme é uma alegoria densa sobre criação, religião e destruição — e tudo isso culmina em uma das cenas mais perturbadoras da década: o sacrifício de um bebê, mostrado de forma quase ritualística.

A cena gerou revolta em parte do público e deixou até os espectadores mais experientes em choque. Aronofsky defendeu a sequência como parte da metáfora maior do filme, mas não escapou das críticas. Em entrevistas, admitiu que não esperava uma reação tão intensa e que talvez tivesse subestimado o impacto emocional que causaria. Mesmo para um diretor conhecido por explorar os limites da dor e da fé, esse momento ficou como um divisor de águas em sua carreira.

2. O trauma real em Último Tango em Paris (1972)

Cena marcante do filme Último Tango em Paris com close no personagem vivido por Marlon Brando, transmitindo expressão de dor e melancolia, símbolo do cinema polêmico dos anos 1970.
Último Tango em Paris (1972) – Marlon Brando

A cena de estupro com manteiga, protagonizada por Marlon Brando e Maria Schneider, se tornou um dos episódios mais controversos da história do cinema. O diretor Bernardo Bertolucci admitiu que a atriz não foi avisada previamente sobre o teor completo da cena.

A intenção, segundo ele, era capturar reações autênticas de raiva e humilhação. Mas o preço disso foi uma profunda marca na vida da atriz, que descreveu o momento como um verdadeiro abuso. Bertolucci, anos depois, confessou arrependimento por ter passado dos limites em nome da arte.

3. A brutalidade sem filtro de Holocausto Canibal (1980)

Cena perturbadora do filme Holocausto Canibal mostrando tribo fictícia na floresta realizando ritual com órgãos humanos e pintura corporal, símbolo do terror extremo dos anos 1980.
Holocausto Canibal (1980)

Ruggero Deodato criou um dos filmes mais infames do terror, misturando violência gráfica, mortes simuladas e até cenas reais de crueldade contra animais. A polêmica foi tanta que ele chegou a ser preso, acusado de assassinato.

O diretor reconheceu que incluir essas cenas foi um erro, especialmente os momentos envolvendo animais. “Fui estúpido ao fazer isso”, disse em entrevistas posteriores. Ainda que tenha se tornado um clássico cult, o arrependimento sobrevive junto ao legado do filme.

4. A violência extrema de Aniversário Macabro (1972)

Cena do filme Aniversário Macabro de 1972 com o personagem Krug Stillo interpretado por David Hess com uma facão na mão olhando para Sadie - intepretada por Jeramie Rain sorrindo, simbolizando a tensão psicológica e o terror gráfico do clássico exploitation de Wes Craven.
Aniversário Macabro (1972) – Krug Stillo e Jeramie Rain

Antes de se tornar ícone com A Hora do Pesadelo, Wes Craven já havia mergulhado em um terror mais cru. Aniversário Macabro tem cenas tão gráficas que foram censuradas em diversos países.

Anos depois, Craven admitiu que o filme passou dos limites. As cenas de estupro e assassinato, apesar de relevantes para a narrativa, foram consideradas “brutais demais” até mesmo por ele. O cineasta usou a experiência como lição sobre os efeitos colaterais da violência no cinema.

5. O erro doloroso em Ela Quer Tudo (1986)

Cena do filme Ela Quer Tudo (1986), com Nola Darling (Tracy Camilla Johns) ao centro, cercada por seus três pretendentes: Jamie Overstreet (Tommy Redmond Hicks), Greer Childs (John Canada Terrell) e Mars Blackmon (Spike Lee), destacando o triângulo amoroso e a independência da protagonista na comédia de Spike Lee.
Ela Quer Tudo (1986) – Tommy Redmond Hicks, John Canada Terrell, Tracy Camilla Johns, Spike Lee

Spike Lee, conhecido por seu posicionamento político e consciência social, cometeu um deslize grave em seu primeiro longa. Em uma das cenas, há uma situação de agressão sexual que hoje é amplamente criticada.

O próprio diretor já declarou, em várias ocasiões, que se arrepende da forma como conduziu a cena e que não a filmaria daquela maneira atualmente. O caso se tornou um exemplo de como até diretores engajados podem falhar – e crescer com isso.

6. A caricatura polêmica de O Silêncio dos Inocentes (1991)

Cena icônica do filme O Silêncio dos Inocentes (1991), com Hannibal Lecter (Anthony Hopkins) sentado em sua cela durante conversa tensa com a agente Clarice Starling (Jodie Foster), separada por uma divisória de vidro — um dos momentos mais memoráveis do suspense psicológico vencedor do Oscar.
O Silêncio dos Inocentes (1991) – Anthony Hopkins, Jodie Foster

Jonathan Demme entregou um dos thrillers mais premiados do cinema, mas nem tudo envelheceu bem. A representação de Buffalo Bill gerou críticas por reforçar estereótipos transfóbicos.

O diretor lamentou especialmente uma cena de dança do personagem, vista por muitos como ofensiva e mal contextualizada. Em entrevistas posteriores, Demme disse que gostaria de ter abordado a complexidade de Bill de forma mais cuidadosa.

7. O arrependimento emocional em Pânico 2 (1997)

Cena do filme Pânico 2 (1997) com os personagens Mickey Altieri (Timothy Olyphant), Randy Meeks (Jamie Kennedy), Derek Feldman (Jerry O'Connell), Sidney Prescott (Neve Campbell) e Hallie McDaniel (Elise Neal) observando algo com tensão — momento que antecipa os perigos do assassino Ghostface na continuação do clássico slasher.
Pânico 2 (1997) – Timothy Olyphant, Jamie Kennedy, Jerry O’Connell, Neve Campbell, Elise Neal

Kevin Williamson, roteirista da saga Pânico, expressou tristeza por ter matado Randy, um dos personagens mais queridos da franquia. A cena acontece de forma abrupta e deixou fãs desolados.

Williamson confessou que a decisão de matar Randy foi influenciada por pressões de estúdio e expectativas do gênero slasher. Hoje, considera que o personagem merecia mais – e que sua morte foi um erro emocional para a narrativa.

8. A crueldade visceral de A Morte do Demônio (1981)

Cena do filme A Morte do Demônio (The Evil Dead, 1981), com a personagem Cheryl Williams (interpretada por Ellen Sandweiss) sendo atacada por mãos demoníacas esqueléticas, em uma das sequências mais icônicas e assustadoras do clássico cult de terror dirigido por Sam Raimi.
A Morte do Demônio (1981) – Ellen Sandweiss

Sam Raimi criou um clássico do terror com A Morte do Demônio, mas uma cena em especial sempre o perseguiu: a da “árvore estupradora”. O momento causou forte controvérsia na época e segue sendo criticado até hoje.

Raimi já afirmou que a cena foi um exagero juvenil e que, se pudesse voltar atrás, teria feito diferente. “Foi uma ideia horrível”, disse o cineasta em uma entrevista anos depois, reconhecendo o impacto negativo da cena.

9. O terror realista de Vá e Veja (1985)

Close impactante do filme Vá e Veja (1985), mostrando o personagem Florya Gaishun (interpretado por Aleksei Kravchenko) com expressão de horror e desespero, simbolizando o trauma psicológico e a brutalidade da guerra vivida pelo protagonista no clássico soviético de Elem Klimov.
Vá e Veja (1985) – Aleksei Kravchenko

Vá e Veja é um retrato angustiante da Segunda Guerra Mundial sob o olhar de um adolescente. A atuação de Aleksei Kravchenko é tão intensa que o diretor Elem Klimov teve que usar técnicas extremas para obter as reações desejadas.

Anos depois, surgiram relatos de que o ator foi submetido a situações psicológicas difíceis durante as gravações. Embora o filme seja considerado uma obra-prima, Klimov revelou ter dúvidas sobre os métodos que utilizou para alcançar tanta autenticidade.

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